Crónica | O novo vocabulário infantil

Não é de todo segredo para ninguém que eu e crianças somos como água e o azeite, por isso sempre que o assunto é mencionado eu tento fugir subtil e educadamente da questão. Mas e o que é que acontece quando não se pode fugir da questão e a questão vem atrás de ti, vivendo literalmente na porta ao lado?

Para te contextualizar dos últimos acontecimentos eis que os meus novos vizinhos chegaram e trouxeram os seus rebentos, dois filhos para ser mais especifica, e mais uns quantos filhos de amigos que os vem visitar com mais frequência do que aquilo que eu gostaria, o que só por si, é um atentado à minha paciência e em consequência à minha sanidade mental.

Acreditem quando eu digo que é um atentado. A palavra "atentado", não foi escolhida à toa.

O próprio Bin Laden teria que aprender com estes pestinhas como fazer terrorismo de verdade. Sim, quais aviões qual quê!!! Bombas? Não são realmente necessárias! Soltem crianças e vejam como causar o pânico de forma barata e eficiente.

Terroristas deste mundo esqueçam os aviões e as bombas caseiras e adotem estas pestes que com um triciclo deitam a baixo os portões gémeos da casa. Ainda no outro dia, conseguiram incendiar o estendal da roupa (felizmente sem roupa no momento do acidente). Não sei qual era a temática da brincadeira, mas obviamente que não estavam a brincar aos bombeiros, porque eles foram mais bem-sucedidos a atear o fogo, do que a apaga-lo.

Podem ser só dois ou três rebentos (ainda não consegui descobrir ao certo, porque parecem todos iguais), mas, quando em liberdade, parecem uma equipa de futebol, mais a respetiva claque no que diz respeito ao barulho que fazem. Mais uma vez se aplica a teoria do menos é mais!

Sozinhas, estas pestes menores de idade, fazem um estádio de futebol parecer um canto coral. E não me refiro só ao barulho, refiro-me também aos palavrões devidamente estudados e ao vocabulário, que acredites ou não, está muito mais à frente do que qualquer adulto que tu possas conhecer.

Aposto que a mãe deles nunca se queixou que os filhos estavam a demorar a falar. Para um vocabulário destes, eles devem ter começado a praticar desde cedo... E claro, de certeza, tiveram bons professores.

Seja como for, se a progenitora, eventualmente se queixou que as crias estavam a demorar a falar, de certeza que deve estar arrependida de o teu feito. Mas já lá diz o ditado: Quem sai aos seus não degenera. Ou isso então “tal mãe, tal filho!”.
Digo isto porque acredito seriamente que as pobres criancinhas não aprenderam certas palavras começadas por “c” e por “p” e outras que até eu desconheço, a ler o dicionário, eu li dicionários e sei que essas palavras não estão lá. Vá e sejamos sinceros, nos dias que correm, já ninguém lê dicionários, porque existem coisas bem mais interessantes que se fazer. Aliás, pela maneira como falam aqueles rebentos e companhia, a linguagem destas crianças pode ser limitada em conteúdos, mas é rica em absurdos, eu até arriscava dizer que eles não leem nada de todo!

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