O capitulo da semana passada, foi uma boa maneira de relaxar, a
gora que
eu decidi levantar um pouco mais o véu sobre alguns dos mistérios que
tem vindo a surgir das história do Tinha Tudo Para Correr Mal. Contudo
não se iludam, ainda vem por
ai muitas aventuras, afinal estamos a caminhar para o Halloween, para o
Natal e para o casamento da Ana e do Ivo.
"Entro assim que a Eduarda me abre a porta de sua casa. Existe
sempre um estranho conforto de vir até aqui. Cresci ao lado da Eduarda e
durante muitos anos ela foi o meu modelo, e talvez por isso me sinta em
casa na casa dela. Ela foi a irmã mais velha
que não tive.
- Vais ficar ai a sonhar à porta? - Pergunta ela com o seu sarcasmo habitual.
- Estava a pensar quando era mais nova e vinha para aqui dormir...
- Ainda tenho teu saco cama guardado, se quiseres podes passar aqui a noite.
Ela está a sorrir, sei que serei sempre bem-vinda aqui. Ou seria,
não sei como é que ela vai reagir à revelação que tenho para lhe fazer.
Seja como for decido arrastar os pés até à sala dela, e fito a
porta que está sempre fechada. A misteriosa porta que nos mexe com os
nervos desde sempre.
- Pois bem, o que é que era assim tão importante que não podia
esperar pela reunião de logo à noite? - Pergunta ela sentando-se na mesa
com a sua chávena de café e uma revista.
É a revista onde as crónicas da agente são publicadas, nem fazia
ideia que ela as lia, sempre pensei que essa personagem não fazia o seu
género.
- Tenho que te confessar uma coisa. - Digo, mas de repente tenho a garganta seca.
A Eduarda continua calma, provavelmente porque imagina que qualquer
revelação que possa fazer, não a irá surpreender. Ela acende um cigarro
e dou por mim a pegar no maço dele no seu isqueiro a acender um para
mim.
- Tu fumas??? - Pergunta ela admirada.
Afinal já a consegui surpreender e ainda nem comecei a falar.
- Sim. Mas muito pouco... - Vou explicando enquanto vou tropeçando
nas palavras. - Só quando estou nervosa... Mas não era isso que te
queria dizer.
Digo enquanto mastigo o cigarro e sopro as palavras... Merda! Quero
dizer enquanto sopro o fumo do tabaco e mastigo as palavras. Isto não
está a começar nada bem.
- Começo a ficar preocupada Carlota, o que é que se passa? - Diz a Eduarda que finalmente me dedicou toda a sua atenção.
- Sabes no dia do meu aniversário? Nós fizemos a minha festa aqui em tua casa... - Comecei.
- Sim, não precisas de me agradecer quase meio ano depois... - Brinca a Eduarda.
- Nós só organizamos a festa aqui porque queríamos tentar abrir a misteriosa porta... - Confesso apontando para a porta.
- Eu sei. - Responde ela calmamente. - Vocês são péssimos
mentirosos, percebi logo a vossa ideia, por isso é que ninguém abriu a
porta!
- O problema é esse. - Respondo com o coração a imitar um cavalo de corrida. - Eles não abriram a porta... Mas eu sim!
Ela está em choque a olhar para mim. Não consigo perceber se ela está chateada, magoada ou desiludida.
- Porquê?
- Porque queria provar a mim mesma, que conseguia ser, mais
inteligente do que tu! - Acabei por dizer o que realmente me incomodava.
- Mas que raio Carlota! Isso é invasão de privacidade, não tinhas
esse direito! - Diz a Eduarda e pelo seu tom de voz percebo que está
magoada comigo.
- Eu disse que abri a porta... Não disse que vi o que estava lá
dentro. - Explico, vejo os olhos delas ainda mais abertos, está em
choque, pela primeira vez vejo a Eduarda em choque. Fiz algo que ela não
previu e apanhei-a de surpresa.
- Não viste?
- Não o meu objetivo era provar que a porta não era tão secreta e
que não eras mais inteligente do que eu, não era invadir a tua
privacidade. Abri e fechei a porta. Tão simples quanto isso.
- Mas se não querias ver o que estava lá dentro, porque é que o fizeste?
Sentei-me em frente a ela na mesa e expliquei-lhe tudo. Comecei
pelo facto de sempre me sentir inferior a ela e de sempre ter desejado ser
como ela, até ao facto de eu ser um génio, mesmo comparada com ela. De
como queria provar a mim mesma que poderia estar
um passo à frente de todos. Expliquei como isso me fazia sentir e
quando acabei ela estava atónita a olhar para mim. Penso que a nossa
amizade acabou aqui e que ela me vai expulsar de sua casa.
Em vez disso ela solta um suspiro de alivio e sorri antes de acender mais um cigarro.
- Finalmente fez-se luz!!! - Exclama rindo.
Agora sou eu que estou atónita. Não faço ideia do que se está passar aqui.
- Eu sabia! Eu sabia que havia alguma coisa! - Exclama ela rindo.
- Por favor explica-te... - Peço com medo.
- Eu sabia que havia alguma coisa. Sabes aquele sexto sentido que
nos diz que se passa alguma coisa, mas que não sabemos o que é? Eu tinha
esse sexto sentido contigo.
- Estou confusa?
- Não podia imaginar que era um génio, mas sabia que não eras tão
burrinha como querias fazer parecer... Por vezes eras mais inteligente
do que todos nós, mas ninguém queria ver e aceitar isso, por isso
ninguém pensava no assunto.
- Desculpa... Não te queria enganar.
- Não posso dizer que esteja feliz com que fizeste nem com o facto
de me teres mentido, mas compreendo o motivo de o teres feito, existe
uma linha muito ténue entre aquilo que devemos fazer e aquilo que
queremos fazer só porque o podemos fazer.
Suspiro de alivio, mas nesse momento percebo que ela não acabou.
- O que mais me magoou foi não confiares em mim, e quereres ser como eu de uma forma tão intensa!
- Desculpa... Mas sempre foste o mais próximo que eu tive de modelo a seguir...
- Eu sei isso, sempre soube, e entendo. O que me irrita é que
querias tanto ser como eu que acabaste por não aprender nada e fizeste
um péssimo trabalho!
- Como assim? - Pergunto já com lágrimas a escorrerem-me pela cara.
- O teu erro, foi o mais básico de sempre. - Ela solta um sorriso. -
Querias tanto ser como eu, que te esqueceste do fundamental sobre a
minha pessoa... - Olho para ela confusa e aguardo a sua explicação. - Eu
não quero ser como ninguém!
Finalmente percebo onde ela quer chegar. Eu não tenho que lhe
provar nada, nem provar nada a mim mesma, não tenho que me comparar à
minha melhor amiga, porque apesar de génios, somos completamente
diferentes. Ela é fria, eu sou quente, ela é café eu sou desafinado... Somos iguais em pólos opostos.
- Bem, agora que já percebeste a mensagem, anda dai! - Diz a
Eduarda levantando-se e pagando numa chave. - Mas tens que me prometer
que vais guardar segredo!
O meu coração está a bater ainda mais forte. Será que aquela chave é mesmo o que estou a pensar?
A Eduarda aproxima-se calmamente da porta e eu acompanho-a. A porta
abre calmamente e ambas entramos na escura e misteriosa divisão. Está
escuro e não faço ideia do que pode estar aqui. Tento pensar nas
probabilidades do que poderei encontrar, mas são tantas
que nem eu consigo calcular.
Então de repente a luz acende e eu fico chocada. De todas as
hipóteses que se passaram na minha mente eis que esta estava longe de
ser uma delas!"
Espero que tenham gostado. Como podem afinal uma daquelas teorias
dos leitores de Tinha Tudo Para Correr Mal era verdadeira, afinal alguém
conseguiu abrir a porta misteriosa.
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