Tinha tudo para correr mal (81º Capítulo)

Numa altura em que as pessoas se preparam para sair de casa e retomar alguma da normalidade perdida por causa da COVID-19, o grupo de amigos do "Tinha Tudo Para Correr Mal", ainda se encontra isolado e à espera de novidades relativamente à situação do Ivo.

"O Ivo fez o novo teste à COVID-19 à dois dias, e desde então estamos a aguardar uma chamada telefónica a dizer que está tudo bem. Apesar de ele não ter tido sintomas que fossem muito além de um pouco de febre, dores musculares e falta de paladar, todos queríamos saber que aquele estranho e maldoso intruso tinha saído do seu corpo.
Enquanto todos nós andávamos às voltas dos nossos telemóveis como abelhas operárias na sua colmeia, eis que na entrada do jardim apareceu o Ivo sorrindo:
- Oh meu Deus!!! - Grita a Ana aproximando-se dele, mas assim que se aproxima lembra-se do distanciamento social e para a sorrir apara o homem da sua vida. - Como é que estás?
Enquanto nesta casa todos nos tentamos aproximar dele para saber as últimas novidades, na casa do Dinis, três cabeças surgem no muro para saber também as novidades.
- Está tudo bem. O teste deu negativo... Duas vezes... - Respondeu ele que depois de se aproximar descobriu a abertura no muro. - Já vi que vocês andaram a fazer obras em casa... - Brincou ele.
- E arrumamos o sótão e a garagem... - Acrescentou a Joana rindo.
- Podemos dizer que foi um mês muito longo... - Respondo enquanto acendo o meu cigarro. - Ah! Então já sabem se é verdade que a nicotina ajuda a combater o vírus? Se isso se provar real, acho que me posso considerar imune.
Todos nos rimos da piada, é bom, estarmos todos juntos novamente.
- É só um estudo... Além disso no inicio os fumadores eram considerados grupos de risco... Mais vale não arriscares,.. - Respondeu o Ivo.
- Sempre vais voltar para o hospital? - Perguntou o Rodrigo.
- Daqui por uma semana regresso...
- Bem, de qualquer forma, durante a próxima semana quase todos nós, vamos regressar ao trabalho... - Diz o Dinis.
- Sim, mas já sabem, é preciso manter os cuidados... - Relembra o Ivo. - Esta coisa de tentarmos regressar ao normal, mesmo com as restrições, é muito bonito, mas pode correr muito mal se as pessoas não tiverem cuidado.
- Sim, não se tem falado de outra coisa nas noticias... - Acrescentou o Artur. - O que me dizem de logo à noite fazermos um churrasco para comemorar o facto de estarmos todos juntos de novo?
Ouvem-se exclamações de concordância por parte de todas as pessoas.
- Acho que sobraram foguetes do aniversário da Joana! - Exclama a Carlota correndo para a garagem de casa do Dinis.
- Eu já ficava satisfeito com uma tira de entrecosto e um frango do churrasco... - Ironiza o Ivo.

Nessa mesma noite, com um frango do churrasco e algumas tiras de entrecosto depois...

- Estou cheia... Acho que não me consigo mexer! - Diz a Lili esticando-se na cadeira.
- Eu vou ter que ir a rebolar até à cama... - Reclama o Artur que de certeza que se está a controlar para não desapertar o botão das calças.
- Vocês não se queixem... Eu estou tão cheia que estou a pensar dormir aqui mesmo. - Respondo.
Ao contrário do Artur eu ganhei coragem e desapertei o botão das calças, felizmente a camisola comprida esconde bem o facto de eu não só ter desapertado o botão como o facto de o fecho éclair das calças se estar a abrir como o sorriso do palhaço do "IT" sempre que via uma criança.
- A noite está agradável... Era capaz de dormir cá fora... Mas tinha que ter coragem de me levantar e ir buscar pelo menos uma manta... - Brinca o Rodrigo.
- O plano estava perfeito até dizeres que era necessário mexer o rabo para ir buscar a manta... - Reclamo. - Lili, quando é que a Vitória aprende a andar? Agora era boa altura...
- Porque é que não ensinamos os nossos cães a ir buscar mantas? - Lamentou o Artur.
- Ensinei o Mário a ir buscar o meu maço de tabaco à sala, e o Luigi a procurar o isqueiro... Não posso abusar...
- A maioria dos cães procura drogas, mas obviamente que os vossos conseguem proezas que fazem a Lassie sentir-se um verdadeiro mono. - Brinca o Ivo. 
- A Peach cuida da bebé! - Defende a Lili.
- O único cão que eu tive, apenas corria atrás do rabo, e dormia de barriga para cima... - Brincou a Joana.
E foi assim, entre brincadeiras e gargalhadas que tive a sensação de regresso à normalidade, algo que não sentia à quase dois meses. De vez em quanto é bom ter fé e acreditar que vai tudo correr bem".

Espero que estejam a gostar de acompanhar esta história, e que tal como os elementos do enredo estejam bem e a celebrar algo importante.

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